O Monte Fuji mexe com o imaginário. Quem nunca quis chegar perto do principal cartão postal do Japão? É bem perto de Tóquio, apenas duas horas de ônibus. No caminho, a paisagem muda completamente. O concreto dá lugar aos campos de arroz. São pequenas plantações, espalhadas por quilômetros e quilômetros. Parecem os jardins das casas, no interior do Japão.
Na região do Fuji-san, como é chamado no Japão, há cinco lagos, eu fiquei no Kawaguchi, o maior deles, este da foto acima.
Pra quem não sabe, o Fuji é um vulcão adormecido. A temporada de escalada só começa na semana que vem, dia 1 de julho. Isto significa que algumas das casinhas que ficam pelo caminho e as pequenas pousadas lá em cima estão fechadas, mas mesmo assim vi várias pessoas, a maioria profissionais, escalando, já que nada impede a passagem de quem quer se aventurar. É por sua conta e risco!
Eu subi um pouco, cerca de duas horas, e a primeira impressão é de que o caminho é tranquilo, largo. Pura ilusão. Aos poucos, a trilha começa a estreitar, a ventania fica intensa, e aí eu entendi o porque os "aventureiros" carregavam tanto equipamento. Eu estava despreparada. Tênis de corrida, malha fina e nem sequer um sanduíche. Afinal, me disseram que a trilha estava fechada e fui subindo, de curiosa mesmo.
Aqui começou a apertar!
Pra chegar até o topo são, em média, seis horas e muitas pessoas passam a noite nas pousadas, espalhadas pela montanha. Quem sabe em agosto!
Estas são as casinhas pelo caminho, algumas são pousadas, outras vendem bebida e comida, mas estavam todas fora de serviço.
Estes são alguns dos aventureiros. Aproveitaram que uma das casas estava aberta para improvisar o almoço.
Esse maluco eu encontrei quase na base do Monte Fuji. Fiquei me perguntando: "De onde surgiu esse maratonista?"
Mas vamos ao ponto alto da viagem, a experiência de dormir num hotel que eu nunca tinha visto antes. Nada de cama, escrivaninha, internet e mesa pra computador. Resolvi me instalar num Ryokan, hotéis que ainda mantêm o chamado "estilo japonês". Os quartos, na verdade, são um grande tatame.
Antes de explicar melhor esse quarto japonês, vamos aos detalhes. Os hóspedes recebem kimonos para usar dentro e fora do quarto. É super comum no Japão, mesmo em hotéis convencionais, como já comentei no post “O paraíso nipônico”.
O lazer aqui é entrar no onsen (banho em águas termais) para relaxar o corpo e a mente. Sem roupa mesmo, os japoneses acreditam que não pode haver nada entre a água quente e o corpo. Claro, os homens ficam separados das mulheres.
Como não havia ninguém neste horário, tirei algumas fotos.
A temperatura da água chega a 40ºC. Do lado direito da foto são os chuveiros individuais com seus respectivos banquinhos e cosméticos,tudo bem prático para não se cansar. A ordem é primeiro se lavar, pra depois entrar na "piscina" de pedras.
Agora, prepare o estômago. No horário programado, uma funcionária do hotel vestida com um kimono especial, pede licença e entra no tatame com um verdadeiro banquete. Isso mesmo, a refeição é servida no quarto. São quatro jantares completos, servidos em diversas porçõezinhas. Tem sashimi, carne especial, saladas típicas, sopas e mais um monte de iguarias que eu nem sei o que eram. Chega a ser um exagero porque realmente não parava de chegar comida, e o pior, quer dizer, o melhor, todas deliciosas!
Este não é o final ! Falta um belo prato de sushi, a sobremesa e o chazinho! Mesmo no limite, como desperdiçar?
Depois do jantar, surge outro funcionário do hotel para retirar a mesa do tatame e preparar a "cama". Ele coloca um futon e um edredon macio. Era tudo o que faltava!
Foram quatro dias na região. No último, uma bela surpresa. Finalmente, ele apareceu para se despedir sem nenhuma nuvem no topo. Não podia ser mais bonito!