Quando a professora de japonês chegou na classe com novidades, percebi que a aula ia ser divertida. Só não imaginava que ia vivenciar a cultura ancestral japonesa.
Me senti no primário de novo. Tão bom!
Era 3 de fevereiro, dia do “Setsubun”, a celebração que os japoneses fazem um dia antes da chegada da primavera. Não me pergunte por que eles consideram o fim do inverno nesse dia, ainda mais com o clima bem frio, só sei que essa data é mantida há muitos anos.
Saímos da sala de aula em direção ao “Zoujyoushi”, um templo que fica dentro de um agradável parque aqui em Tóquio, o “Chiba Koen”. Tudo estava pronto para o início da cerimônia.
Não esperava que fosse algo tão tradicional, o parque estava lotado !
Muitas pessoas carregavam um cachorrinho (às vezes de kimono), todos da mesma raça.
Me explicaram que o antigo imperador Tokugawa tinha um cão da mesma raça. Isso sim é ser fiel às origens!
A tradição japonesa diz que para entrar na primavera, devemos eliminar tudo de ruim, afastar todos os demônios e abrir espaço somente para as coisas boas, este é o sentido do “Setsubum”. E para simbolizar tudo isso, há vários costumes. O mais conhecido é o "Mamemaki", quando um adulto da família coloca a máscara simbolizando o demônio – o “Oni” (como a da primeira foto deste post) e as crianças atiram estes grãos de soja da foto abaixo, o “daizu”, enquanto gritam “Oni wa soto! Fuku wa uchi!” (Demônio e má sorte para fora! Sorte para a casa). Depois, cada um come o número de grãos referente a sua idade.
O gosto é parecido com o amendoim.
A melhor parte estava por vir. Eles também jogam diversos salgadinhos, doces e moedas para as pessoas. Uma forma de desejar boa sorte no ano.
Nisso os japoneses são iguais aos brasileiros, adoram quando tem brinde ...
Muitos empurrões para garantir, principalmente, as embalagens grandes. E a mulher abaixo que veio preparada, trouxe uma mala para conseguir pegar muitos presentinhos.
A estratégia não foi boa, não conseguiu pegar nada e pior, só me atrapalhou.
Eu, como uma boa representante brasileira, estava lá também e não ia sair sem pegar o meu docinho, claro!
Meus grãos de soja e um bolinho de arroz.
Este brinde foi a sensação. Soja coberta com chocolate. Exclusivo!
E para finalizar todo o ritual, come-se uma espécie de “califórnia roll” gigante, o "Ehoomaki". Não pode fatiar para que a sorte não seja cortada.
Eu é que não ia arriscar ... "demônio e má sorte para fora! Sorte para a casa!"
Aprender sobre o "Setsubun" e participar de uma cerimônia tão diferente, me faz lembrar da imagens que eu tinha do Japão antes de vir morar aqui. Imaginava uma cultura forte, tradições antigas e ainda vivas, festas diferentes nas ruas. Hoje, vejo o país de uma forma diferente, com uma mistura muito grande entre o antigo e o moderno. Me acostumei com o Japão do século XXI, que tem um pouco da cultura ancestral, mas muitas influências estrangeiras.
Fico feliz de ver que eles também conseguem manter as tradições, como o “Setsubun”, e espero que isso aconteça por muitas e muitas gerações ...
Fico feliz de ver que eles também conseguem manter as tradições, como o “Setsubun”, e espero que isso aconteça por muitas e muitas gerações ...