sábado, 17 de março de 2012

Quase uma japonesa ...

Dizem que um ano passa rápido. E, é verdade, o tempo voou. Mas um ano foi o suficiente para me transformar. Quando cheguei ao Japão, em fevereiro de 2011, me preocupava porque imaginava que nunca me acostumaria com alguns hábitos, comidas e situações típicas do país. Hoje, o que me preocupa é justamente o oposto. Tudo o que era estranho, virou parte da minha rotina. Será que virei quase japonesa? Definitivamente, tenho novos costumes ...
Os cochilos no trem se tornaram mais comuns. A gente se sente seguro, e dorme mesmo, igual aos japoneses.

Comecei a reparar nas minhas principais manias. O primeiro costume, incorporado desde a minha chegada, é a história de tirar o sapato para entrar em casa. Eles me convenceram de que não se deve levar a sujeira da rua para o lugar onde a gente mora.
Os chinelinhos esperando na porta são convidativos.
Em praticamente todas as casas ou apartamentos japoneses, a entrada é rebaixada. O degrau é o limite para os sapatos usados na rua.

 

Quando saio de casa e tenho que voltar correndo porque esqueci algo, tenho preguiça de tirar o sapato. A solução é ir bem na ponta dos pés dando o mínimo de passos possíveis. Sinto que estou contaminando o chão. Será que isso já virou um transtorno obsessivo compulsivo (TOC) ou o problema é saber que eu mesma é que vou ter que limpar depois?

Tem uma outra mania, mais recente, que é o gosto especial por meias diferentes. É impressionante como os japoneses investem em todo tipo de meias como acessórios. Nas academias, eles usam umas esquisitas em que os dedos ficam divididos.

Eu prefiro as quentinhas e coloridas. Não há nada melhor no inverno.

Quando cheguei no Japão, descobri que teria que aprender a entrar no táxi. Parece bobagem, mas eles tem um sistem único aqui. A porta direita de trás é automática. O motorista aperta um botão e ela abre sozinha para o passageiro. Uma espécie de cortesia. Mas ai de quem resolver puxar a porta. Eles ficam bravos e te olham feio. Hoje, estou acostumada e vai ser difícil quando pegar um táxi no Brasil e não tiver mais esse mimo!

Já nos restaurantes, outro ritual japonês virou rotina. Sem as toalhinhas umedecidas, não me sinto preparada para a refeição, nem que sejam as descartáveis mesmo.
No começo sentia muita falta do guardanapo de papel, mas não vivo sem elas agora.
Em seguida, vem o chá verde. Muitos japoneses não tomam outra bebida durante toda a refeição, nem água. O chá é servido quente, até mesmo no verão.
Para mim, tomar chá quente no verão, por enquanto, é demais, mas não dispenso meu chazinho no frio.


Ahh, o medo que eu tinha de encarar os pratos japoneses foi embora. Até por conseguir me comunicar melhor, eu pergunto quais são os ingredientes e encaro alguns quitutes que eu nunca imaginei que seria capaz de comer.

Este é o “Nabe”, neste caso de legumes. O ovo cru pode deixar algumas pessoas um pouco receosas, mas ele é misturado com a comida quente e acaba sendo cozido na hora.



E o famoso Oden, que comentei em outro post. Era o que eu achava mais estranho e, agora, incrível...é um dos meus pratos preferidos.
A maioria das opções de Oden é à base de vegetais e soja. É bem leve, saudável e muito gostoso.
Mas entendo se você se sentiu um pouco enojado. Isto requer tempo! Experiência própria.
E assim passam os dias nesta terra distante. Deixei de ver o país como um lugar tão diferente, aprendi com eles, adquiri costumes e gostos que vou levar para a via toda. Será que vou me adaptar ao Brasil novamente?
Uma coisa é certa, dos táxis com porta automática eu vou sentir saudades ...