segunda-feira, 25 de julho de 2011

Uma "simples" tarefa

Na terra do sushi, a falta de shoyo em casa me parecia o problema mais simples de ser resolvido.
A variedade de shoyo no supermercado é impressionante! A dificuldade para entender a diferença entre eles é algo que começa com uma leve irritação, mas pode terminar com um produto que não tem nada a ver com o molho de soja. Nada de pressa!
Tudo parece uma experiência única, a começar pelos carrinhos. Aqui o hábito é comprar pouco, mas muitas vezes por mês, afinal, as pessoas quase não andam de carro e carregar as compras até em casa exige fôlego e paciência. Sendo assim, uma cestinha é mais do que suficiente. No máximo, tem um carrinho para carregar a cesta. Não vale colocar os produtos direto nele!

A melhor descoberta do mês foi a de que cabem duas cestinhas no mesmo carrinho!
Demorou para entender porque nunca vi ninguém usando.
Os corredores no início são desesperadores.
O segredo é encontrar um produto que agrade e ser fiel àquela marca. Quando o meu japonês melhorar, aí acho que vou me arriscar com outras opções.

 Esta é a foto que carregava para saber que produto de limpeza deveria levar.
As surpresas são comuns. Comprar um yogurt e descobrir que é uma gelatina, um suco e surpreender-se com uma cerveja, bolacha doce na verdade ser salgada são alguns exemplos que me aconteceram repetidas vezes. 
Na hora de comprar as verduras e, principalmente, as frutas, cuidado! O preço aqui é "um pouco" diferente. Os japoneses costumam presentar os amigos com frutas selecionadas e pagam caro por isso.

Esta mini melancia custa por volta de R$ 31,00 ...

... e 1 (uma!) unidade do limão mais de R$ 1,20. Deu para entender o valor?
É muito comum encontrar tudo embalado e separado por quantidade (repare que na prateleira de cima, as verduras foram embaladas uma a uma).
Definitivamente um supermercado aqui no Japão não é nada “normal” para um estrangeiro.

Não se incomode com essa imagem. Estamos no Japão e eles usam os mais variados kimonos, mesmo no supermercado.

 E esta gôndola de ovos:

Olha que interessante! Nada de comprar ovos das granjas que forçam as galinhas a botar ovos num ritmo alucinante. Neste supermercado um pequeno monitor mostra a vida “feliz” que levam as geradoras destes ovos.


Há muitas marcas famosas que se adaptaram ao país, por isso cada produto pode ser um pouco diferente do que estamos habituados, vale a pena olhar todos os detalhes, inclusive para experimentar.

Sorvete da Haagen-Dazs de chá verde, muito comum por aqui. Eu não gostei.
Resumindo, uma simples compra de poucos produtos pode demorar uma eternidade para um gaijin (estrangeiro). Mesmo com uma pequena lista é preciso ter em mente que o resultado nunca sairá como o esperado.
No caixa, tudo muito organizado. A atendente passa cada produto da cesta e deposita em outra, encaixando engenhosamente. A máquina registradora, claro, é moderna e separa o troco sozinha.

Agora, logo depois de pagar, é bom sair rápido do caixa. É proibido atrapalhar a fila, leva até bronca dos funcionários. Existe uma espécie da “ala do empacotamento”. Destaque pro paninho umedecido para ajudar a abrir o saquinho


Em geral, a aventura acaba assim:
Uma brasileira tentando se convencer de que adquiriu os hábitos locais utilizando apenas uma cestinha. Estou quase lá!

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Tradicionalmente falando ...

Imagine a cena: temperatura acima dos 35 graus, umidade que lembra uma floresta tropical, eu toda ofegante e com o cabelo desarrumado. Me aproximo de uma casa típica japonesa e, de repente, uma senhora, vestida com um elegante kimono e toda arrumada, abre a porta. "Irashaimasse"(bem vinda), diz ela com uma voz suave, convidando-me a entrar e sentar no tatame.

Era o início de uma viagem pelos costumes e tradições de um Japão ancestral. A cerimônia do chá é a melhor forma de entender a simplicidade, educação e respeito dos japoneses. 




A cerimônia tradicional demora umas 4 horas, inclui um banquete e, após a refeição, os convidados são chamados para o chá.
 
Os utensílios são feitos de bambu e são muito delicados. Os movimentos para a preparação são lentos. É quase uma terapia.

Antes de tomar o chá é oferecido um docinho, que me deu dó de comer!
Existem 2 tipos de chá, o forte e o fraco, tudo depende da quantidade de chá verde que é colocado.
Achei muito curioso porque descobri que a cerimônia era feita originalmente por samurais.
Esta experiencia não podia acontecer em lugar mais apropriado. Kyoto é a antiga capital do Japão, terra dos antigos guerreiros e das gueixas. Até hoje é uma cidade sofisticada e visitada por milhares de turistas do mundo inteiro. Talvez o lugar mais importante da Ásia para se conhecer.

Templo Kiyomizudera, parece um refúgio do mundo.

Dizem que a água que corre por lá pode curar doenças. Mas com o calor que estava fazendo, digno de verão do nordeste brasileiro, as pessoas queriam mesmo era matar a sede.

A sensação de voltar no tempo e desvendar mistérios de outros séculos me acompanhou durante os dois dias e meio que estive na cidade. Descobri que o homem mais importante da época, o Shogun (líder militar, chefe dos
samurais) gostava de esbanjar poder e riqueza.
O Shogun Yoshimitsu Ashakaga tinha uma vila exclusiva, com um jardim japonês incrível e, ainda, um templo feito de laca japonesa folhada a ouro, bem humilde, não?
O Kinkaku-ji, como é chamado, já foi reconstruido algumas vezes. É patrimônio cultural da humanidade.
A cidade possui mais de 1600 templos budistas e mais de 400 santuários xintoistas, mas um lugar em especial conseguiu me impressionar igualmente.
Esta floresta de bambus fica no distrito de Arashiyama, próxima ao rio Katsura abaixo, que aliás, é um passeio à parte.
A cena dos casais em barquinhos, com as japonesas de sombrinha, é única!

O lugar é realmente inspirador!
Talvez a única maneira de vivenciar melhor essa experiência seria comprar um kimono tradicional e sair assim pelas ruas. É muito comum por lá!
Mas parece que outros gaijins (estrangeiros, em japonês) também tiveram essa idéia. Será que combina?

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Pets - Do Outo Lado Do Mundo



Já são quase cinco meses de Japão, mas basta sair na rua que me surpreendo com cenas que só existem nesse lado do mundo.

Cachorro por aqui é o bicho mais mimado que existe! Muitas vezes não chega sequer a sujar as patinhas na rua porque só passeia a bordo de um carrinho fabricado exclusivamente para ele.

Estas amigas resolveram levar as “crianças” para dar uma volta no quarteirão.

Claro que os japoneses usam toda a criatividade para inventar um monte de coisas diferentes pro mercado pet. Além dos carrinhos sofisticados, tem roupas, acessórios e serviços.

A falta de filhos é um problema no país. Com a taxa de fertilidade baixa, eles gastam muito com os bichinhos. Em geral são sempre pequenos, já que as casas por aqui não comportam nenhum labrador, rottwailer, pastor alemão ... mas eles também adoram gatos e outros pets exóticos.



Esse aí tem um cachorrinho e um furão. Dois amigos passeando na sacola.
Em Tóquio é comum encontrar cafeterias, restaurantes e até hotéis que incentivam os donos a trazerem os bichos. A festa de aniversário dessa cachorrinha aconteceu num bistrô. Chique demais!

A aniversariante é a do lado esquerdo, de vestido branco, com rosas.
Um dos convidados foi devidamente vestido para o evento ... de kimono!




Além de toda a fantasia e diversão que envolve o mercado pet, os japoneses não deixam de lado seus hábitos civilizados. Esta cena vejo quase todos os dias.

O dono sai com o seu cachorrinho para que ele faça as suas necessidades. A diferença entre o Japão e o Brasil é que além das sacolinhas plásticas (que alguns brasileiros não usam), eles carregam uma garrafinha com um líquido, que acredito ser água, para limpar depois, mesmo que seja apenas o nº 1.


Esta tem um kit prático para passear com o seu bulldog. 

Pet japonês não tem direito apenas a conforto e festa. Eles são bem tratados. 




Neste espaço, os cachorros recebem massagem. No Brasil também existe, mas por aqui é mais comum. Tem até espaço para o público, que neste caso ficou horas assistindo a sessão de relaxamento.


Se reparar bem, nenhum deles é japonês, curioso!
 
Já este cãozinho foi no bondinho pra ver o Monte Fuji
Você pode até achar que eles exageram com os animais, mas faz parte do carinho que sentem por eles. O que eu não consegui entender é essa cena abaixo. Afinal, cachorro no carrinho e criança na coleira???
 
 É maluco mesmo, não?