domingo, 19 de junho de 2011

A minha Tóquio !


Tóquio é uma cidade engraçada, uma metrópole que pode ser pacata! Às vezes tenho a sensação que estou numa cidade de interior, onde todos se conhecem.
Hoje, eu me sinto a pessoa mais popular da vizinhança. É verdade que os japoneses são muito fechados, mas desde que comecei a arriscar umas frases em nihongo (japonês), o “pessoal” da rua resolveu interagir comigo. Em cada esquina é um tchauzinho pra cá, um “konnitchiwa” (boa tarde) pra lá, sorrisos e, claro, todos se curvando levemente, como manda a tradição local.
Agora você vai conhecer a galera “TOP Five” da Mita GoChoome, o meu quarteirão. Todos os nomes são fictícios. Essa coisa de decorar nome em japonês é mais complicada do que parece.
No primeiro lugar da lista, Sr. Miyagui. É esse senhorzinho simpático, dono da loja de sakê. Dia e noite, ele está lá, esperando os clientes e regando as plantas da frente da loja, mesmo debaixo de chuva. E como gosta de bater papo, ainda que eu entenda 10% do que ele diz (nessas horas, nada como um sorriso pra disfarçar). Por trás dessa típica figura oriental existe um aventureiro. Olha a foto do quadro abaixo! É o Sr. Myagui na estrada com a sua maior paixão: uma moto BMW 1000 cilindradas. Reza a lenda que, nos fundos da loja, ele pratica alguma arte marcial secreta. Eu desconfio que ele seja a verdadeira inspiração para o criador do filme Karetê Kid.


A moto fica dentro da loja, devidamente coberta.
O dia inteiro é assim, cuidando das sua plantas

Aos poucos ele vai revelando a sua personalidade. Vaidoso, foi só pedir uma foto e ele foi se arrumar!

A segunda personalidade é a Sra. Mashta, gerente de um restaurante tradicional de sushi, nomeado de “preferido”. Lá o atendimento é impecável, hoje já chego e digo “o de sempre, por favor” e o meu pedido vem com os peixes que gosto e pouco wasabi (raiz forte). A Sra. Mashta tem uma mania engraçada, que lhe rendeu esse nome. Para agradecer os clientes na hora do pagamento, ela pronuncia um sonoro “arigatou gozaimashhhhhta”, que seria algo como “obrigada por ter vinnnnndo”. Ninguém arrasta essa última sílaba como ela... já rendeu boas risadas.

Tem também a tiazinha da lavanderia, ela ocupa o terceiro lugar. Essa já sabe o meu nome desde o primeiro dia em que levei uma muda de roupas sujas. Quando chego, ela, rapidamente, digita meus dados e me entrega o recibo. É tão eficiente que eu não precisaria falar uma palavra sequer. Mas, cada vez que arrisco o meu nihongo (japonês), ela abre um sorriso. Quando pedi pra tirar uma foto então, ficou radiante, orgulhosa da minha evolução.

A "tiazinha" é a da direita

Esta é a fachada da lavanderia
Ocupando a 4ª posição, o Zé da Combini (loja de conveniência). A história dele é de uma gafe que eu cometi. Um dia ele me perguntou "há quanto tempo você estuda japonês?”. Eu me confundi e respondi dois anos, achando que ele havia perguntado por quanto tempo eu ficaria no Japão. Depois percebi o erro e hoje fico envergonhanda toda vez que entro na Combini, afinal ele deve imaginar "essa imbecil estuda há dois anos e gagueja pra pedir um suco". Pior é que eu nem sei como explicar pra ele, em japonês, que houve um mal entendido.

Não preciso dizer que tive vergonha de pedir uma foto. Tirei escondido.
O último da lista é o “Ranzinza San”, dono de uma quitanda. Imagine um homem emburrado, em quatro meses nunca mudou essa cara fechada. Mas não é difícil entender o porquê. O cara trabalha, sem descanso, todos os dias, inclusive aos domingos, das 8 da manhã até 11 da noite...sozinho! Minha versão fantasiosa é que o "Ranzinza San" herdou esta loja da família e, em tempos de crise, prefere não contratar ninguém para aumentar os lucros. Apesar de ser rabugento, ele já me conhece e faz parte do meu dia-a-dia. Merece entrar na lista!

Esta foto também não pedi.
Sabia que possivelmente iria receber um "não".

Fachada da quitanda do "Ranzinza San"
Essa é a minha Tóquio ! Bem diferente da metrópole maluca que eu imaginava antes de vir pra cá!

9 comentários:

  1. E olha que é uma região bem "urbana" essa em que você mora. Dá uma escapada para as áreas chamadas de Shita-machi, nos "ku" de Taito e Arakawa... Vc vai se sentir no Japão antigo, algumas vezes.

    ResponderExcluir
  2. Ah, você pode dizer pro oyaji da konbini o seguinte: "Kono aida, 2 nen-kan ni
    nihongo wo benkyoshita to iimashita ga, jitsu wa yoku wakaranakatte, (o tempo em que você estuda) kan ni benkyoshiteimasu. Sumimasendeshita."

    Que quer dizer: "Há um tempo atrás, tinha dito que estudara japonês há dois anos mas, na verdade, eu me enganei. Estudo japonês há...anos. Me desculpe."

    ResponderExcluir
  3. Mich, adorei conhecer um pouquinho do seu dia a dia! Esses japas são bem caricatos mesmo! Saudas! bjs Liu

    ResponderExcluir
  4. adoreeeei seu blog, de verdade! *-* além de mostrar o japão como ele realmente é (tem gente por ai que quer falar do Japão, e não sabe nem metade do que está falando ....), me faz matar um pouco a saudade do meu país! vou sempre dar uma passadinha por aqui.
    bjsss

    ResponderExcluir
  5. Mich parabéns pelo blog! Estou conhecendo o Japão através de você!!!!
    Beijos e muita Luz e Paz!

    ResponderExcluir
  6. Seja uma seguidora do Blog do Caminho, como sou do seu!
    Beijos

    ResponderExcluir
  7. Roberto, obrigada pelos comentários e principalmente pela dica! Vou tentar decorar até parecer que tenho fluência!
    Liu, tem cada figura que você nem imagina!
    May, seu comentário me incentiva ainda mais, obrigada! E se tiver alguma sugestão é só avisar!
    Mada, obrigada! Vou te seguir!
    Beijos a todos

    ResponderExcluir
  8. Michiiiiiiiiii,
    To adorando!!!!!
    Seus vizinhos sao barbaros! E tenho certeza que daqui a pouco ate o velho ranzinza vai sorrir pra vc!
    Saudade!!!!!!!!!!!!!

    ResponderExcluir