Era meu segundo dia de Japão, comecei a andar pelas ruas e reparei que toda vez que atravessava a via uma espécie de passarinho começava a piar ... ouvia um sonoro“piu-piu” toda vez que o farol de pedestres abria. Quando a luz ficava vermelha, silêncio.
Na esquina seguinte, ao invés do som de passarinho, ouvia uma musiquinha de melodia infantil. Os acordes perduravam durante toda a passagem de pedestres. Veja o filme abaixo.
Na esquina seguinte, ao invés do som de passarinho, ouvia uma musiquinha de melodia infantil. Os acordes perduravam durante toda a passagem de pedestres. Veja o filme abaixo.
Intrigada, resolvi perguntar a razão de todos esses sons e percebi que os japoneses pensam em tudo para os deficientes. Me senti envergonhada por não perceber isso facilmente, mas é que no Brasil estamos muito atrasados nesse tema.
O "piu-piu" e a musiquinha que não sai da minha cabeça, na verdade, servem para orientar os cegos. É o aúdio do sinal verde para passagem. E o mais incrível, a diferença entre os sons existe para para distinguir um cruzamento do outro.
O "piu-piu" e a musiquinha que não sai da minha cabeça, na verdade, servem para orientar os cegos. É o aúdio do sinal verde para passagem. E o mais incrível, a diferença entre os sons existe para para distinguir um cruzamento do outro.
Este é o passarinho, um microfone que emite diversos sons.
Botão exclusivo para cegos
Fora do horário de pico, ou em cruzamentos pouco movimentados, basta acionar o botão para cegos que imediatamente a passagem para pedestres é liberada.
A questão da acessibilidade por aqui é levada muito a sério.
Apesar do silêncio entre as pessoas, há muita informação sonora a todo instante. Por exemplo, na estação de trem há uma música específica para avisar que o trem está chegando e outra para o momento em que está partindo, além de uma pessoa ao microfone informando a linha e o número de cada trem. Mesmo dentro do vagão, o destino final e a próxima estação são mencionados sempre.
Para quem usa cadeira de rodas, há identificação em quase todas as ruas da cidade, é impressionante! E todas as guias são rebaixadas.
Repare que em todas as ruas, existe uma guia para orientar os deficientes visuais com bengalas.
Os ônibus tem portas largas e possibilidade de rebaixamento para entrada de cadeirantes.
Nas estações, supermercados, lojas de departamento, enfim, em todo local público existe elevador para quem tem problemas de locomoção. E sempre com dois botões. Um na altura média pra quem está em pé e outro, mais abaixo, pra quem está numa cadeira de rodas. No meu prédio também tem esse sistema.
Elevador da estação Tamachi, perto de casa.
Detalhe aos botões para chamar o elevador, são dois.
No Brasil, confesso que reparava pouco se havia ou não acessibilidade para deficientes, em geral começamos a notar quando algo novo surge, como as novas vagas em estacionamentos destinadas a cadeirantes, e mesmo assim vemos o descaso de muita gente. É muita falta de educação. Quando a gente percebe a importância de todos esses detalhes, descobre que a falta deles é absurda. São idéias simples que fazem uma diferença enorme para quem precisa.
Hoje me incomoda o fato de ficar apenas pensando que o Brasil nunca chegará lá! Simples mudanças podem ser implementadas. Alguma idéia?
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