quarta-feira, 19 de outubro de 2011

É possível respeitar !

Era meu segundo dia de Japão, comecei a andar pelas ruas e reparei que toda vez que atravessava a via uma espécie de passarinho começava a piar ... ouvia um sonoro“piu-piu” toda vez que o farol de pedestres abria. Quando a luz ficava vermelha, silêncio.
Na esquina seguinte, ao invés do som de passarinho, ouvia uma musiquinha de melodia infantil. Os acordes perduravam durante toda a passagem de pedestres. Veja o filme abaixo.

Intrigada, resolvi perguntar a razão de todos esses sons e percebi que os japoneses pensam em tudo para os deficientes. Me senti envergonhada por não perceber isso facilmente, mas é que no Brasil estamos muito atrasados nesse tema.
O "piu-piu" e a musiquinha que não sai da minha cabeça, na verdade, servem para orientar os cegos. É o aúdio do sinal verde para passagem. E o mais incrível, a diferença entre os sons existe para para distinguir um cruzamento do outro.
Este é o passarinho, um microfone que emite diversos sons.
Botão exclusivo para cegos

Fora do horário de pico, ou em cruzamentos pouco movimentados, basta acionar o botão para cegos que imediatamente a passagem para pedestres é liberada.
A questão da acessibilidade por aqui é levada muito a sério.
Apesar do silêncio entre as pessoas, há muita informação sonora a todo instante. Por exemplo, na estação de trem há uma música específica para avisar que o trem está chegando e outra para o momento em que está partindo, além de uma pessoa ao microfone informando a linha e o número de cada trem. Mesmo dentro do vagão, o destino final e a próxima estação são mencionados sempre.
Para quem usa cadeira de rodas, há identificação em quase todas as ruas da cidade, é impressionante! E todas as guias são rebaixadas.

Repare que em todas as ruas, existe uma guia para orientar os deficientes visuais com bengalas.


Uma das milhares de guias rebaixadas

Os ônibus tem portas largas e possibilidade de rebaixamento para entrada de cadeirantes.



Nas estações, supermercados, lojas de departamento, enfim, em todo local público existe elevador para quem tem problemas de locomoção. E sempre com dois botões. Um na altura média pra quem está em pé e outro, mais abaixo, pra quem está numa cadeira de rodas. No meu prédio também tem esse sistema.

Elevador da estação Tamachi, perto de casa.
Detalhe aos botões para chamar o elevador, são dois.


Os botões para cadeirantes ficam na parede da esquerda e da direita.

No Brasil, confesso que reparava pouco se havia ou não acessibilidade para deficientes, em geral começamos a notar quando algo novo surge, como as novas vagas em estacionamentos destinadas a cadeirantes, e mesmo assim vemos o descaso de muita gente. É muita falta de educação. Quando a gente percebe a importância de todos esses detalhes, descobre que a falta deles é absurda. São idéias simples que fazem uma diferença enorme para quem precisa.
Hoje me incomoda o fato de ficar apenas pensando que o Brasil nunca chegará lá! Simples mudanças podem ser implementadas. Alguma idéia?

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